24/7, Jonathan Crary. Desde que tomei conhecimento deste livro que tive interesse em lê-lo, e hoje ao deambular por uma livraria deparei-me com ele e resolvi sentar-me um pouco a ler umas páginas. Contudo o tempo passou e acabei por ficar ali sentado enquanto outras pessoas se sentavam ao meu lado a ler também por um bocado e iam embora e outras tomavam o seu lugar. Passaram-se perto de duas horas e tive tempo de ler as duas primeiras partes do livro, perto de 70 páginas. 
É um volume pequeno com cerca de 140 páginas editado em Portugal pela Antígona e assenta sobretudo sobre o sono. A necessidade humana de descansar e durante algumas horas não produzir nada. São alguns os casos expostos pelo autor onde demonstra que o sono é o maior afronto ao capitalismo onde vigoram os valores da produtividade, eficiência, funcionalidade e velocidade. O Ser Humano atingir a capacidade de abdicar do sono seria, portanto, mais um passo na aproximação do ser humano às máquinas.  
É bastante interessante refletir sobre este assunto. Somos induzidos a consumir 24/7, produzir 24/7, estar online 24/7. Não descansamos o suficiente pois há sempre algo para nos atualizarmos e que se mostra urgente. O que era tendência ontem já não o é hoje, os dispositivos eletrônicos de ontem já são obsoletos hoje e todos os dias é nos introduzido uma nova tecnologia que se apresenta como indispensável para a organização do nosso quotidiano. Não há um modo off.  
Quando foi a última vez que desligamos o telemóvel? Desde que tenho o meu acho que nunca foi desligado, está sempre por perto, não vá acontecer alguma coisa e ser preciso. Mesmo durante a noite permanece na mesa de cabeceira ligado. Como se durante o sono precisasse. Nem no sono é dispensado. E quem nunca acordou durante a noite para verificar o telemóvel? Há algo de tão importante que até durante nos faça verificar as notificações do telemóvel?   
O sono é  uma condição humana indispensável, o nosso corpo precisa de descanso para regenerar. Mas no mundo contemporâneo, dormir é visto como uma fraqueza. Quem dorme deixa de estar alerta e fica vulnerável a ataques. Somos incitados a produzir e inventar a todo o tempo sem pausas. Entrar na competição e produzir mais do que todos. O mercado não pára. Cada vez mais Tempo é dinheiro, a velha máxima que surgiu com a revolução industrial em Inglaterra. 

Não adquiri o livro, mas certamente irei voltar para terminar a leitura e aconselho-a a todos.

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